"Who will save your soul If you don't save your own."
First, the lyric:
Você voltou, meu amor
A alegria que me deu
Quando a porta abriu
Você me olhou
Você sorriu
Ah, você se derreteu
E se atirou
Me envolveu
Me brincou
Conferiu o que era seu
É verdade, eu reconheço
Eu tantas fiz
Mas agora tanto faz
O perdão pediu seu preço
Meu amor
Eu te amo e Deus é mais.
--
Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar
{Vinício/Toquinho - "PoutPourri" Samba da Volta & Regra Três}
______________________________________________________________
Oh, vida! Promessas e provisões. Previstas palavras. Futuro incerto na visão de um conhecido onde se torna certa a denúncia.
Dores que ainda pulsam à batida do coração.
______________________________________________________________
"There's not enough time to live."
"You say I gotta give before I receive it One of these days I'll believe it."
Ela caminhava de um lado ao outro. Olhava para o número destacado na agenda do celular. Era o que precisava. Uma ligação. Esperava. Não havia decidido usar aquilo. Estava há muito esperando e em alguns dias aconteceria o que esperara. Mas será que era isso mesmo que queria? Ele ficaria sozinho agora, mas ela deixaria uma carta de despedida, romântica como sempre fora. Já teria feito um buraco no chão de tanto que estava andando, seus pés doíam um pouco e ela sequer havia saído do lugar. O dia corria solto fora da janela. Enquanto ele ficava sozinho alguém já havia estado sozinho a vida inteira... a vida inteira. Quanto tempo será que havia demorado? Pelas marcas dele em seu corpo, foram anos de espera. Anos de resignação. Felicidade contida e espalhada entre os queridos daquele lugar. Tudo agora seria revertido para uma única pessoa. Que viria buscá-la, tiralá-ia daquele lugar. E isso ela temia. Por tanto tempo protegida naquele castelo moderno, protegida de si mesma e de seus pensamentos. O que mais a assustava era estar deicidindo a sua vida. Ir atrás dos seus desejos... e ainda assim todos incertos. Seria de incertezas que estava o mundo lá fora? Nos seus sonhos tudo era de uma forma só, não haviam dúvidas. E ela sonhava todos os dias. Vivia em mundos paralelos, divididos apenas por uma tênue parede de carne.
--
O acelerador estava encostado no chão do carro. Braços esticados por um instante em que se espreguiçava e aproveitava para recuperar a velocidade saindo do posto do pedágio. Um suspiro e aqueles papéis ao seu lado já haviam caído no chão quilômetros atrás. No seu rosto o sorriso parecia menos acentuado. A apreensão do que estaria certo havia invadido o seu peito e seus pensamentos. Começava a ponderar o que havia deixado para trás. Anos... praticamente uma vida inteira. Certamente uma vida que não lhe pertencia, mas uma vida inteira afinal. Uma vida que levára até ali apenas para cumprir com seus propósitos. Libertava-se antes que houvessem lhe dado a liberdade. Ainda lhe restaram coisas a fazer, porém deixava para trás sme pesar nas primeiras milhas, agora caiam com o peso do céu no seu colo e o freio e embreagem sofreram com essa pressa. O acelerador se sentiu solitário e o caror parou com as rodas da frente pensas. De onde haviam saído aquele penhasco? Não era uma planicie por onde trafegava? Ao seu redor não havia mais estrada e sequer no horizonte. GPRS não lhe mostrava onde estava. Há quanto tempo se perdera? Suas memórias eram vagas naquele momento. A possibilidade é que a dúvida tivesse sumido com o caminho. Elas sempre some. Agora teria que se reencontrar. Antes, puxar o carro de volta para trás. Mas como se era necessária uma ajuda que parecia inexistir naquele fim de mundo?
--
Pouco antes da noite ameaçar cair ele já havia terminado os serviços. Caminhava para sua casa. O lar de um homem é o seu castelo. O apartamento era na verdade pequeno e ele reservara o quarto maior para ela e ainda mandara aumentar, comprando, com muito esforço, o apartamento ao lado. Decorou da forma que ela preferiria. E a deixava viver no seu mundo particular. Ela vivia no passado, embora soubesse perfeitamente que estava no mesmo futuro onde havia se prendido centenas de anos antes. Ele a amava, sem dúvida que a amava. Faria de tudo por ela, até mesmo suprir suas loucuras. Sentia-se mal por deixá-la presa naquele lugar, mas temia por sua saúde e sanidade caso ela pusesse os pés nas movimentadas ruas de São Paulo. Durante o dia passava horas preso no computador fazendo os seus serviçis. Dias de entrega como os de hoje eram mais curtos e às vezes ele voltava mais cedo. Hoje tinha um daqueles compromissos dos quais ela não sonhava. Ou será que sonhava? Afinal, ele não sabia oque ela fazia lá entre uma escrita e outra. Certamente que dormia pois nas noites em que eles passavam juntos ela ficava o tempo todo acordada dando a ele os sonhos maravilhosos sobre o que ela escrevia. Era como se ele vivesse os contos dela quando sonhava. Será que ela escrevia o que sonhava durante os dias para poder compartilhar com ele suas esperiências? Ele queria acreditar que ela o amava, mas o jeito dela e a forma que ela o tratava era polido demais, adorável demais. Ela era uma mulher adorável, sem dúvida, sempre. ele gostaria que com ele ela fosse além do adorável. Só que o seu respeito por ela era equiparável ao seu amor. Ele faria de tudo por ela. Ela fazia o que estava ao seu alcance.
--
--
Continuo a caminhar para a orla externa. Uma mão amiga se extende na escuridão que se faz lá fora e volta a entrar. Viro-me, não para regeitar a mão mas para indicar o caminho. Passadas incertas me seguem e são ouvidas pisar o sangue agora já coagulado do sangrar. Vou fundo. Um novo corredor se abriu ao lado daquele quarto antigo; o corredor é novo e já parece estar lá por eras. As passadas desaparecem e eu trombo com uma nova porta. Abro-a e um quarto no mais fundo do fundo foi reaberto. Um quarto tão antigo que eu sequer me lembrava dele. Embora a poeira não o tenha tocado toda a decoração denota a idade avançada daquele aposento. Fico de lado e fecho os olhos para que aquele que me seguia entre. Sinto a sua presença flutuar para o seu lugar. Ele voltou a ocupar o se lugar de destaque. Fecho a porta atrás de mim e só então volto a abrir os olhos. Sentada numa cadeira de formidável beleza vejo a última pessoa que imaginaria morar em meu coração: meu reflexo. Ao meu lado descansa a face de um dragão e do outro lado há um... gato? Cujo olhos me seguem enquanto a curiosidade me faz tocar em minha imagem que se desfaz. Atrás de mim ouço uma voz conhecida. O medo me toma mais uma vez. Estes quartos mais antigos parecem totalmente assombrados. O ocupante deste aposento já teve outros nessa mesma construção de carne e sangue. Estendoo meu braço para o 'trono' que é dele por direito, por sentimento, por conquista, por luta e, até mesmo por derrotas. Ele passa por mim, não ao meu lado mas por dentro de mim, vejo-o agora e um sorriso receoso se faz em meus lábios. Reentregar este aposento a ele me faz voltar muito no passado e desejar que não haja um futuro para nenhum dos dois. Pois o futuro é aquele no qual vivi e a experiência não havia sido boa.
Vivo minha vida de trás pra frente, desaprendo a cada passo tudo o que o futuro me trouxe, mas ainda assim é um presente, uma dádiva. Não quero me despedir mas algo me obriga a sair de lá e deixá-lo a vontade para se reestabelecer. Sua mão me segura, seu olhos pela primeira vez encontram os meus. Nossas almas se estranham, nossos espíritos se reconhecem. Quero fugir daquele que me fez sofrer. Quero fugir para não deixá-lo ver as minhas lágrimas. Antes que elas caiam as mãos dele tocam o meu rosto e assim elas desabam para seus dedos quentes e macios. O aproximar de sua respiração faz meu coração silenciar. Não ouço as batidas.
Quando recobro os sentidos estou respirando lentamente, sozinha no meu próprio aposento. Agora tenho quem me siga pelos caminhos mais sombrios. Até quando? Ouço meu coração pulsar, ainda fraco, e as memórias voltam aos poucos. Respiro mais fundo e tudo o que consigo representar com palavras é um sorriso para agradecer e falar de amor.
R.
______________________________________________________________
Eis então que mais um 'capítulo' sai. Um misto de tudo. Deve-se ler os outros mas ainda se fazem sozinhos cada um. Tudo de mim, nada do mundo. Apenas o mundo e nada que me fale.
Você voltou, meu amor
A alegria que me deu
Quando a porta abriu
Você me olhou
Você sorriu
Ah, você se derreteu
E se atirou
Me envolveu
Me brincou
Conferiu o que era seu
É verdade, eu reconheço
Eu tantas fiz
Mas agora tanto faz
O perdão pediu seu preço
Meu amor
Eu te amo e Deus é mais.
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Tantas você fez que ela cansou
Porque você, rapaz
Abusou da regra três
Onde menos vale mais
Da primeira vez ela chorou
Mas resolveu ficar
É que os momentos felizes
Tinham deixado raízes no seu penar
Depois perdeu a esperança
Porque o perdão também cansa de perdoar
Tem sempre o dia em que a casa cai
Pois vai curtir seu deserto, vai.
Mas deixe a lâmpada acesa
Se algum dia a tristeza quiser entrar
E uma bebida por perto
Porque você pode estar certo que vai chorar
{Vinício/Toquinho - "PoutPourri" Samba da Volta & Regra Três}
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Oh, vida! Promessas e provisões. Previstas palavras. Futuro incerto na visão de um conhecido onde se torna certa a denúncia.
Dores que ainda pulsam à batida do coração.
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"There's not enough time to live."
"You say I gotta give before I receive it One of these days I'll believe it."
Ela caminhava de um lado ao outro. Olhava para o número destacado na agenda do celular. Era o que precisava. Uma ligação. Esperava. Não havia decidido usar aquilo. Estava há muito esperando e em alguns dias aconteceria o que esperara. Mas será que era isso mesmo que queria? Ele ficaria sozinho agora, mas ela deixaria uma carta de despedida, romântica como sempre fora. Já teria feito um buraco no chão de tanto que estava andando, seus pés doíam um pouco e ela sequer havia saído do lugar. O dia corria solto fora da janela. Enquanto ele ficava sozinho alguém já havia estado sozinho a vida inteira... a vida inteira. Quanto tempo será que havia demorado? Pelas marcas dele em seu corpo, foram anos de espera. Anos de resignação. Felicidade contida e espalhada entre os queridos daquele lugar. Tudo agora seria revertido para uma única pessoa. Que viria buscá-la, tiralá-ia daquele lugar. E isso ela temia. Por tanto tempo protegida naquele castelo moderno, protegida de si mesma e de seus pensamentos. O que mais a assustava era estar deicidindo a sua vida. Ir atrás dos seus desejos... e ainda assim todos incertos. Seria de incertezas que estava o mundo lá fora? Nos seus sonhos tudo era de uma forma só, não haviam dúvidas. E ela sonhava todos os dias. Vivia em mundos paralelos, divididos apenas por uma tênue parede de carne.
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O acelerador estava encostado no chão do carro. Braços esticados por um instante em que se espreguiçava e aproveitava para recuperar a velocidade saindo do posto do pedágio. Um suspiro e aqueles papéis ao seu lado já haviam caído no chão quilômetros atrás. No seu rosto o sorriso parecia menos acentuado. A apreensão do que estaria certo havia invadido o seu peito e seus pensamentos. Começava a ponderar o que havia deixado para trás. Anos... praticamente uma vida inteira. Certamente uma vida que não lhe pertencia, mas uma vida inteira afinal. Uma vida que levára até ali apenas para cumprir com seus propósitos. Libertava-se antes que houvessem lhe dado a liberdade. Ainda lhe restaram coisas a fazer, porém deixava para trás sme pesar nas primeiras milhas, agora caiam com o peso do céu no seu colo e o freio e embreagem sofreram com essa pressa. O acelerador se sentiu solitário e o caror parou com as rodas da frente pensas. De onde haviam saído aquele penhasco? Não era uma planicie por onde trafegava? Ao seu redor não havia mais estrada e sequer no horizonte. GPRS não lhe mostrava onde estava. Há quanto tempo se perdera? Suas memórias eram vagas naquele momento. A possibilidade é que a dúvida tivesse sumido com o caminho. Elas sempre some. Agora teria que se reencontrar. Antes, puxar o carro de volta para trás. Mas como se era necessária uma ajuda que parecia inexistir naquele fim de mundo?
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Pouco antes da noite ameaçar cair ele já havia terminado os serviços. Caminhava para sua casa. O lar de um homem é o seu castelo. O apartamento era na verdade pequeno e ele reservara o quarto maior para ela e ainda mandara aumentar, comprando, com muito esforço, o apartamento ao lado. Decorou da forma que ela preferiria. E a deixava viver no seu mundo particular. Ela vivia no passado, embora soubesse perfeitamente que estava no mesmo futuro onde havia se prendido centenas de anos antes. Ele a amava, sem dúvida que a amava. Faria de tudo por ela, até mesmo suprir suas loucuras. Sentia-se mal por deixá-la presa naquele lugar, mas temia por sua saúde e sanidade caso ela pusesse os pés nas movimentadas ruas de São Paulo. Durante o dia passava horas preso no computador fazendo os seus serviçis. Dias de entrega como os de hoje eram mais curtos e às vezes ele voltava mais cedo. Hoje tinha um daqueles compromissos dos quais ela não sonhava. Ou será que sonhava? Afinal, ele não sabia oque ela fazia lá entre uma escrita e outra. Certamente que dormia pois nas noites em que eles passavam juntos ela ficava o tempo todo acordada dando a ele os sonhos maravilhosos sobre o que ela escrevia. Era como se ele vivesse os contos dela quando sonhava. Será que ela escrevia o que sonhava durante os dias para poder compartilhar com ele suas esperiências? Ele queria acreditar que ela o amava, mas o jeito dela e a forma que ela o tratava era polido demais, adorável demais. Ela era uma mulher adorável, sem dúvida, sempre. ele gostaria que com ele ela fosse além do adorável. Só que o seu respeito por ela era equiparável ao seu amor. Ele faria de tudo por ela. Ela fazia o que estava ao seu alcance.
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Continuo a caminhar para a orla externa. Uma mão amiga se extende na escuridão que se faz lá fora e volta a entrar. Viro-me, não para regeitar a mão mas para indicar o caminho. Passadas incertas me seguem e são ouvidas pisar o sangue agora já coagulado do sangrar. Vou fundo. Um novo corredor se abriu ao lado daquele quarto antigo; o corredor é novo e já parece estar lá por eras. As passadas desaparecem e eu trombo com uma nova porta. Abro-a e um quarto no mais fundo do fundo foi reaberto. Um quarto tão antigo que eu sequer me lembrava dele. Embora a poeira não o tenha tocado toda a decoração denota a idade avançada daquele aposento. Fico de lado e fecho os olhos para que aquele que me seguia entre. Sinto a sua presença flutuar para o seu lugar. Ele voltou a ocupar o se lugar de destaque. Fecho a porta atrás de mim e só então volto a abrir os olhos. Sentada numa cadeira de formidável beleza vejo a última pessoa que imaginaria morar em meu coração: meu reflexo. Ao meu lado descansa a face de um dragão e do outro lado há um... gato? Cujo olhos me seguem enquanto a curiosidade me faz tocar em minha imagem que se desfaz. Atrás de mim ouço uma voz conhecida. O medo me toma mais uma vez. Estes quartos mais antigos parecem totalmente assombrados. O ocupante deste aposento já teve outros nessa mesma construção de carne e sangue. Estendoo meu braço para o 'trono' que é dele por direito, por sentimento, por conquista, por luta e, até mesmo por derrotas. Ele passa por mim, não ao meu lado mas por dentro de mim, vejo-o agora e um sorriso receoso se faz em meus lábios. Reentregar este aposento a ele me faz voltar muito no passado e desejar que não haja um futuro para nenhum dos dois. Pois o futuro é aquele no qual vivi e a experiência não havia sido boa.
Vivo minha vida de trás pra frente, desaprendo a cada passo tudo o que o futuro me trouxe, mas ainda assim é um presente, uma dádiva. Não quero me despedir mas algo me obriga a sair de lá e deixá-lo a vontade para se reestabelecer. Sua mão me segura, seu olhos pela primeira vez encontram os meus. Nossas almas se estranham, nossos espíritos se reconhecem. Quero fugir daquele que me fez sofrer. Quero fugir para não deixá-lo ver as minhas lágrimas. Antes que elas caiam as mãos dele tocam o meu rosto e assim elas desabam para seus dedos quentes e macios. O aproximar de sua respiração faz meu coração silenciar. Não ouço as batidas.
Quando recobro os sentidos estou respirando lentamente, sozinha no meu próprio aposento. Agora tenho quem me siga pelos caminhos mais sombrios. Até quando? Ouço meu coração pulsar, ainda fraco, e as memórias voltam aos poucos. Respiro mais fundo e tudo o que consigo representar com palavras é um sorriso para agradecer e falar de amor.
R.
______________________________________________________________
Eis então que mais um 'capítulo' sai. Um misto de tudo. Deve-se ler os outros mas ainda se fazem sozinhos cada um. Tudo de mim, nada do mundo. Apenas o mundo e nada que me fale.